Descobrir-se capaz de ajudar pessoas em suas dificuldades, tornar-se voluntário ou terapeuta, são vivências que podem gerar alegria e entusiasmo. Aprender uma técnica e vê-la funcionar, saber que fazemos alguma diferença no equilíbrio e bem-estar de outro ser humano…
Tudo isso, contudo, precisa ser olhado com grande discernimento e ponderação. Gratuita ou remunerada, a ajuda tem suas leis e seus limites.
A primeira Lei da Ajuda é: AJUDE! Estamos na caminhada terrena próximos a criaturas que compartilham laços diversos. Os encontros não são acasos, são oportunidades de aprendizado e crescimento. Num certo sentido, movimentamos a energia do Universo em ciclos de amor e bondade, quando ajudamos com empenho e sinceridade. Crescemos espiritualmente ao ajudar com o coração aberto. Crescemos espiritualmente ao aprender o funcionamento das leis da vida, sendo que as duas possibilidades se encontram no cotidiano e também no atendimento voluntário ou terapêutico.
Uma segunda Lei da Ajuda está relacionada à possibilidade de absorver o tratamento, que pode ser alta, média, baixa ou nenhuma. Independente do conhecimento e competência de quem ajuda, a receptividade ao benefício ofertado não é proporcional à doação. Isto se deve a alguns fatores:
- Há a questão da necessidade e do “merecimento”. Espiritualmente, há leis sábias que me trazem aquilo de que necessito, na medida em que me coloco em condições de receber. Mas a vida também me dá a liberdade de recusar o que ela oferece. O merecimento tem a ver com a qualidade e quantidade de ajuda disponível para mim, nos círculos de energia do Universo. Quando não se consegue absorver nada dessa ajuda, em geral, o obstáculo é o orgulho. Não adianta chorar, lamentar, reclamar, se você não aceita e nem assume a parcela de transformação que depende só de você.
- Muitas vezes, emocionalmente criamos resistências a um tratamento e isso também interfere. Outras vezes, é mais confortável ficar onde se está, atirando sobre os outros a responsabilidade e a culpa do que acontece, em lugar de fazer a sua parte em favor de si mesmo.
- Além disso, a fé na possibilidade de melhora e a vontade de melhorar são fatores importantes .
- E há a receptividade à técnica utilizada, que varia de pessoa para pessoa.
A terceira Lei da Ajuda tem a ver com seu limite, preciso e intransponível. Ela diz que há uma linha divisória muito clara, definindo a possibilidade de atuação de quem presta ajuda.
Ninguém pode fazer mais por uma pessoa do que ela está disposta a fazer por si mesma. Esta lei tem, como consequência, conduzir quem ajuda e, em especial, o terapeuta, a uma atitude humilde, desapegada: respeitar no próximo, o livre-arbítrio e a liberdade de se transformar ou de permanecer como está, visto que a verdadeira cura é sempre uma transformação.