Às vezes, você toma conhecimento de fatos da vida de uma Madre Teresa de Calcutá ou de Francisco de Assis e isso causa admiração. É natural. Você não entende – mas admira – gestos impregnados de tanta bondade, desapego e amor. E acredita que sejam pessoas santas ou especiais, diferentes da humanidade comum, composta em sua maioria de pessoas cheias de hesitação, raiva, medo e comportamentos egoístas.

O primeiro ponto importante pra gente frisar, aqui, é que essencialmente, nós somos todos iguais. Não existe diferença quanto à nossa origem e constituição. Nossa origem espiritual é idêntica. Somos inteligências individualizadas. Nascemos com os mesmos potenciais, que são sementes de capacidade e virtudes que serão desenvolvidas gradativamente, conforme atravessamos experiências diversas e amadurecemos nessa caminhada.

Todos os seres sem exceção estão sujeitos ao progresso intelectual e moral. E as escolhas e atos de cada um revelam seu grau evolutivo, pois as atitudes brotam da vontade dos seres e da direção para onde essa vontade se dirige. E essa vontade, que todos temos, todos, todos mesmo… essa vontade pode ser esclarecida ou ignorante. Eu posso querer algo a partir da minha consciência esclarecida. Mas também posso querer sem grande entendimento do que escolhi. Nas escolhas que faço e nas consequências que elas me trazem, é que eu vou aprendendo e me desenvolvendo. Criando condições de fazer escolhas melhores Calunga diz que não existe a escolha certa e a escolha errada, para Deus. O que existe é o escolher. O escolher tolo e o escolher sábio.

Mas nossos caminhos são únicos, porque traçamos nossa jornada evolutiva seguindo por diferentes linhas de evolução e galgamos diferentes níveis evolutivos em cada uma dessas linhas.
Linha de evolução tem a ver com a área em que progrediram: intelectual, moral, artística. E, dentro de cada linha, encontramos aprendizados e atividades específicas. No caso da arte: dança, pintura, design… Dos conhecimentos: línguas, matemática, física… Da moral: paciência, determinação, coragem…
Já o nível de evolução se refere à quantidade de desenvolvimento em cada habilidade ou virtude que é trabalhada.

A partir de certo nível de desenvolvimento de diversas linhas de evolução, elas passam a funcionar combinadas. Como alguém que escreve belas letras e que também compõe a canção e faz o arranjo, por exemplo. Ou que, estudando medicina, entende a interação entre os sintomas físicos e emocionais e os considera em conjunto, na hora de propor o tratamento.

O que isso nos ensina sobre Madre Teresa ou Francisco, é que eles não são almas criadas com qualidades especiais. São seres que evoluíram em amor e bondade e que se livraram das armadilhas do Ego, nas quais nós ainda resvalamos ou, até, vivemos caindo. Como diz a personagem Quorra em Tron, o Legado (2010), são seres que conseguiram se colocar “fora da equação” e priorizar seus semelhantes.

Estamos numa jornada de evolução da Alma, mas o Ego procura tomar a frente. Como é fraco e infantil, ele nos sabota e nos engana, impedindo a felicidade. Falando a respeito, assim resumiu Paramahansa Yogananda: “Ser feliz é da Alma. Ser importante é do Ego.” Quanto a nós, cumprimos nosso propósito evolutivo procurando compreender nossos níveis e linhas de evolução, trabalhando para nos melhorarmos cada vez mais.

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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