Conhecimento é uma relação mutável entre quem conhece e aquilo que é conhecido. Fica fácil perceber isto, quando conhecemos algo ou alguém no decorrer da vida.
Pense numa pessoa que se tornou interessada pelo Budismo. Talvez ela tenha tido um primeiro contato com uma delicada estatueta de um buda sobre a estante da casa materna, na infância, e achou-a divertida para brincar e acolhedora em sua aparência. Depois disso, visualizou o nome do Buda em posts de redes sociais. Até encontrar, numa banca de jornal, uma edição econômica do Dhammapada, com aquele mesmo rosto oriental sereno e familiar na capa, e comprá-lo com a sua mesada. Se o tema realmente despertar seu interesse, pode pesquisar na internet e baixar textos. Aprender os contos, a história, os princípios… visitar um templo budista… participar de aulas de meditação. E isso pode levar décadas, mas certamente houve uma visão do Budismo que se transformou com o tempo. E uma pessoa que se transformou também, a partir do aprendizado.
Contudo, a qualquer momento dessa jornada, essa pessoa poderia achar que já sabia tudo o que precisava sobre o tema e encerrar seu aprendizado.
É o que muitas e muitas pessoas fazem. Estacionam num ponto, creem dominar um assunto, sem precisar saber de mais nada, e começam a utilizá-lo em conversas, reuniões, discussões no boteco, como quem “domina” o assunto… Isso vem recordar uma frase lida por aí, cuja autoria desconheço: “Os tolos sabem tudo. Os sábios aprendem algo todos os dias.
Aprender algo não é apropriar-se de um bloco fechado de conceitos. É integrar novos significados a uma rede de significados preexistente. É tornar algo significativo dentro de relações com ideias que já se conhece.
Ocorre, na apreensão do significado, um movimento de expansão, em qu,e nem aquele que conhece, nem o que era conhecido, permanecem os mesmos que antes. Por isso, a aprendizagem é ininterrupta e potencialmente infinita. E ela certamente garante que sejamos sempre seres transformados pelo que aprendemos.
Rita Foelker 