A existência tem um lindo e perfeito funcionamento. Ciclos que começam e terminam, tempo que passa. Transformações internas e externas.
Nada é para ser forçado. As flores não se forçam a florescer. O vento não se força a ventar. Mas as pessoas às vezes se forçam, seja para agradar os outros, seja para atender ao próprio orgulho.
Tudo o que é forçado acaba nos ferindo. E escravizando, porque não estamos à vontade: estamos nos forçando.
Às vezes, nos forçamos a ser bonzinhos. E negamos a raiva que vai se depositando no fundo do pote. Não gostamos da raiva, queremos reprimi-la, como nos ensinaram. Mas a raiva é uma reação de sobrevivência, que podíamos entender e utilizar na manutenção do nosso equilíbrio interno.
Sufocada, ela um dia explode e nos faz destruir as peças. Se o quebra-cabeça somos nós, nos quebramos. Destruímos relacionamentos. Criamos motivos para arrependimentos.
Quebrar-se, contudo, é destruir a própria integridade. É perder seus pedaços na confusão emocional. É sair do eixo, privar-se momentaneamente do sentido de direção.
A foto é de um de meus quebra-cabeças prediletos. Ele é muito engenhoso e só tem um jeito de conseguir encaixar, que você precisa descobrir. A solução tem a ver com raciocínio, geometria e habilidade manual.
Mas uma das peças está lascada. Alguém perdeu a paciência, ou não se conformou por não encontrar a resposta e momentaneamente acreditou mais na força. Não interessa, o fato é que forçou a natureza, até quebrar…
Desejo entender os ciclos da vida e sintonizar-me com eles. Perceber o que sinto e ser fiel ao que considero verdadeiro e elevado. Só assim, posso encontrar harmonia e expandir coisas boas, como amor, gratidão e saúde.
(Republicado de Anotações Informais)