Um jeito de entender como as coisas são, é aprender como elas ficaram assim. Antigamente, quero dizer, antes da popularização da televisão, que começou nos anos ’60 nos Estados Unidos e foi se espalhando pelo mundo, as pessoas viviam em universos bastante limitados. Muitos nasciam, passavam toda existência e morriam na sua cidade, na sua província.

Seus conceitos eram locais, suas tradições eram fortes. Não se tinha muito acesso a notícias, livros e descobertas. O que estava estabelecido era pouco questionado e desafiado.

Mas, se os televisores, chegando aos lares das famílias americanas, por um lado, expandiram horizontes culturais, por outro, eles criaram um tipo de uniformidade e consenso perigosos. Foi surgindo a ideia de que tudo o que acontece de importante, acontece na TV. A descida de um homem na Lua é um exemplo disso.

A televisão estadunidense também foi criando personagens importantes, como Ed Sullivan e outros, com seus shows de variedades. Aqui no Brasil, novelas transformaram atores em ídolos; apresentadores viraram figuras admiradas e ricas.

Nos anos ’80, em palestras e seminários, educadores já apontavam o problema dos muitos aparelhos numa mesma casa, distanciando as pessoas do convívio e do afeto familiar, que ia tornando as pessoas – e educando crianças – cada vez mais isoladas e individualistas.

Que dizer disso agora, quando, além da televisão, temos a internet? Além dos televisores em cada cômodo da casa, temos os tablets e celulares em cada mão, o tempo todo, para assistir, jogar, conversar, ficar alienado da realidade mais imediata e de nossa interioridade.

E, de uns tempos pra cá, você nota que ocorreu uma inversão daquela ideia de que tudo que é importante acontece na TV. Hoje em dia, as pessoas passaram a entender que tudo o que acontece na TV é importante. Situações familiares privadas viram casos de debate público. O que a Lady Gaga disse ou fez interessa a todo mundo.

Como a mídia é controlada hoje em dia pelas corporações, igrejas e governos, nós acabamos nos aprisionando num mundo de informações e acontecimentos, frequentemente, irrelevantes! Eles certamente atendem ao interesse de alguém. Mas não nos ajudam a viver melhor, não nos ajudam a ser felizes, nem a crescer espiritualmente, mas apenas nos mantêm escravos da aparência, do consumismo e das notícias que já chegam manipuladas. Enquanto isso, a falta de perspectiva ampla e espiritual de nós mesmos, de nossa vida e de nossas necessidades vai nos tornando espiritualmente tolos, burros, estúpidos ou cegos.

Podemos expandir a visão, observando mais atentamente a vida, absorvendo o mecanismo das leis espirituais, atribuindo a real importância e significado àquilo que acontece e nós não vemos. Abrindo os olhos para o além das coisas.

Como eu até já disse aqui, Deus não conversa no celular.

 

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A futilidade afeta o desenvolvimento de um indivíduo humanista

“Na verdade, as crianças migram para a tecnologia porque estão confinadas em casa. As escolas têm cada vez menos espaços abertos e livres e mais sala de aula, conteudismo. Com a energia explosiva que as crianças têm, o único jeito de domar alguém confinado é oferecendo distração permanente…”

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Créditos: Shutterstock

 

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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