Antigamente, se você escolhia assistir uma série de TV, ela em geral passava uma vez por semana, ou alguns dias da semana, em horários específicos. Isso não consumia sua atenção, em geral, nem roubava suas horas preciosas de sono, trabalho ou convivência com a família e os amigos.
Você tinha um leque limitado de canais abertos. Alguns não pegavam bem – ou não pegavam de modo algum – onde você morava. A tela da TV ficava num lugar específico da casa e não “andava” com você para todo lado.
Hoje, você tem várias telas de exibição de conteúdos e imagens diversas. Tudo pode ser acessado em smartphone, tablet ou computador. Filmes estão disponíveis para assistir a qualquer hora, as séries são temporadas inteiras disponibilizadas ao mesmo tempo, o que faz com que você possa passar dias olhando para uma sequência de episódios sem fazer qualquer outra coisa.
Nossas opções de entretenimento aumentaram. Nossas opções de como nos relacionarmos, do que consumir, também. E muitas vezes, nos falta orientação para escolher, porque nós abandonamos valores e pessoas que, em nossa vida, era mestres e autoridades externas, mas não evoluímos para uma autoridade interna sábia e segura.
Isso tem dois efeitos graves. Primeiro, está reforçando hábitos de uma geração de pessoas ligadas principalmente à aparência e ao imediatismo. Segundo, está enfraquecendo nossa conexão com o propósito de nossas vidas e o sentido mais profundo dos fatos, encontros e desafios que nos cercam. Para avaliar nossas escolhas, vamos falar dessas palavras importantes, que são: sentido e propósito.
Sentido é o mesmo que significado, um jeito de considerar e distinguir alguma coisa. Por exemplo, gostar de azul porque o azul é a cor do céu limpo. Gostar de verde porque amo a Natureza. Querer ler sobre a Alemanha porque meus antepassados vieram de lá. Usar uma camiseta estampada com uma mandala porque aprecio as filosofias indianas.
O sentido é uma relação exterior-interior e se refere a coisas, pessoas (com suas palavras e gestos), momentos, percepções em geral e à forma como tudo isso entra em nossa mente e se encaixa em nosso entendimento da vida. Talvez, por exemplo, você tenha uma antipatia por tudo que seja antigo, ou que seja de uma determinada cor, ou que venha de um determinado país…
A gente se forma a partir das coisas que a gente viveu e fez. Então nossa vivência, de certo modo, condiciona os sentidos daquilo que nos rodeia.
Ocorre que nosso entendimento muda. Aprendemos, refletimos, evoluímos em maneiras de pensar e, consequentemente, mudam as nossas buscas, as nossas prioridades. E isso tem a ver com propósito, nossa segunda palavra.
Propósito é aquilo que nos cabe realizar em nossas vidas. Exemplos: Eu quero viver em contato bem próximo com a Natureza. Eu quero tornar a vida mais bela através da arte. Eu desejo formar alunos leitores e críticos da realidade. Propósito é sinônimo de intento, projeto, intenção.
O propósito é uma relação interior-exterior, porque ele sempre dirige seu foco para aquilo que pode contribuir para que ele se realize.
Quanto mais você amplia sua visão da vida, melhor compreende o seu propósito. E quanto mais você se conecta com as Leis do Universo, mais você encontra seu propósito dentro do propósito do Universo. E isso tem a ver com aproximar-se da sua essência divina, da sua inteligência, da sua alma.
O que a sua alma busca nem sempre é o que a sua mente quer ou imagina. Quanto mais você se distancia de si para viver de emoções passageiras e contato externo, mais você se perde de você. No entanto, quanto mais você caminha para dentro, mais você se tranquiliza, mais você compreende, melhor você sente a vida, melhor você escolhe a que você quer se ligar e onde é melhor colocar a sua energia.
Eis a razão pela qual o contato com o propósito espiritual da sua existência organiza sua vida, otimiza sua emoção, melhora seu relacionamento com todos e tudo à sua volta.
O contato com o propósito espiritual da sua existência é como um seletor de canais, como uma chave que você usa para sintonizar tudo que tem relação com ele e que também ajuda a realizar esse propósito.
Vamos a uma situação hipotética: quando você não sabe o que quer ouvir e liga o rádio, você fica limitado ao que está na moda, o que está sendo consumido. Se não tiver referência melhor, se não tiver outros acessos, pode até achar que aquilo está bom, mesmo que seja péssimo. Mas se você já definiu suas preferências, conhece músicas de diferentes épocas e compositores e já sabe o que quer, você não aceita mais tudo aquilo que tentam empurrar pelos seus ouvidos. Você vai se tornando mais dono da sua vida, das suas escolhas. ,E essa escolha, consciente, refletida, assumida promove uma condição mental e emocional que permanece com você. No caso do propósito, essa seletividade vai ao encontro do que tem sentido dentro do seu propósito maior.
Esse exemplo tem a ver com tudo que elegemos para nossas vidas: amizades, locais que frequentamos, livros que lemos, programas que assistimos, tem a ver com o ambiente do nosso lar. Tem a ver com liberdade real de sermos quem somos e de exercitar nossa forma de ser no mundo. Quando a gente não sabe quem é, a gente se esforça para ser um padrão, para parecer bem, para ser aceito. Mas isso não somos nós e nem traz realização verdadeira. Como escreveu Maya Angelou: “Se você sempre estiver tentando ser ‘normal’, você nunca saberá o quanto é maravilhoso ser quem você é.”
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Li tudinho…Achei tão coerente e ilustrativo…Vou reler e pensar com uma xícara de café. Beijos para Senhora dos pensamentos que resolvem.
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Oi, Ana. Sabe que pra mim também! Eu até vinha pensando nisso, mas só ia entendendo melhor enquanto o texto ia sendo escrito… Beijo iluminado com saudades, Ana!
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