Num post anterior, eu propus uma reflexão sobre o orgulho. O orgulho é fruto de um conjunto de crenças estabelecidas e que participam de nossa vida no cotidiano, mas participam de modo oculto. Comumente nem sabemos que pensamos daquele jeito. Mas vivemos segundo essas crenças e isso nos influencia enormemente.
Segundo Aymará, em Jornada Espiritual, “a cada pessoa é concedido viver entre as grades de suas crenças, a fim de experimentá-las. Conhecê-las, encantar-se ou amargá-las durante o tempo necessário”.
Podemos contudo, aprender a reconhecê-las, podemos conversar com elas e escolhê-las. A Inteligência Espiritual nos auxilia nisso.
Nos meus estudos, escritos, palestras, dediquei muitas falas e textos à questão das nossas crenças e onde elas nos colocam em relação à nossa família, instituição, profissão, sociedade e ao planeta, tudo partindo sempre do modo como vivemos nossa vida pessoal e atribuímos valor a certas ideias e comportamentos.
A teoria da Inteligência Espiritual que vem sendo elaborada atualmente é consequência da Teoria das Inteligências Múltiplas, publicada na década de 1980. As inteligências múltiplas, por sua vez, podem ser consideradas de um ponto de vista científico materialista. Nesse sentido, a Inteligência Espiritual seria aquela que lida com a noção de que somos Espírito, mas que seria equivalente, estaria no mesmo nível das demais inteligências (como a inteligência emocional ou a lógico matemática, só para citar as mais conhecidas). Segundo Dana Zohar, esta é a inteligência que nos permite aprender flexibilidade, lidar com experiências negativas, enfrentar os medos e a dor, além de encontrar propósitos de vida e sermos inspirados por valores e ideias elevadas, escolhendo com mais lucidez a direção de nossos passos.
Eu, contudo, entendendo que a dimensão espiritual é o ponto de partida e a razão de ser de nossa vida material, entendo também que a inteligência espiritual é o centro em torno da qual todas as demais inteligências gravitam e que, quanto mais estas se iluminam pela inteligência espiritual, mais a vida se torna equilibrada, harmoniosa e produtiva, do ponto de vida do progresso pessoal e espiritual.
Um dos efeitos práticos da Inteligência Espiritual desenvolvida, no que se refere ao dia a dia e às nossas crenças, é não permitir que um problema numa dimensão da vida contamine as outras dimensões… Afinal, nossa existência envolve questões de ordem pessoal, relacionamento, saúde, profissão, dinheiro e família. Se não percebermos que, espiritualmente, podemos olhar para todos esses setores a partir de uma perspectiva elevada, vamos ficar perdidos entre nossos problemas, levando as crises da família para o trabalho, perturbando nossos momentos de intimidade e descanso com questões da profissão. Mas olhando tudo isso de mais alto, podemos cuidar melhor de nossa interioridade, delimitar o alcance de nossas preocupações e haurir forças em outros aspectos da vida que estão fortalecidos, como a família, o relacionamento ou a saúde. Isso não é bacana?
Esta atitude perante a vida é a principal característica de uma pessoa espiritualizada. Ela também tem uma percepção realista e humilde de si mesma, porque aprendeu a reconhecer o seu Ego e também procurar gerir suas emoções e pensamentos a partir de um elevado senso de propósito e conhecimento dos aspectos invisíveis da realidade.
Então, você pode reconhecer uma pessoa espiritualizada, aquela com um alto desenvolvimento da Inteligência Espiritual, porque ela abandonou certos hábitos como competir, como ter razão sempre, como impor suas opiniões e crenças aos outros. Essas são armadilhas do orgulho de que falei aí em cima, oculto, disfarçado para a própria pessoa mas frequentemente visível para quem está perto.
Ao contrário do que você pode imaginar, a pessoa espiritualizada não é aquela pessoa que pratica meditação ou yoga, nem aquela que usa cristais ou baguás, que virou vegetariana ou vive repetindo palavras como “namastê” ou “gratidão”. Estas podem ser buscadoras sinceras, mas estão no caminho e não necessariamente atingiram a meta da autotransformação.
Os seres humanos são muito bons em escolher aparências e tons de voz que demonstrem gentileza e serenidade, sem que essas características brotem da mais profunda interioridade do seu ser, sem que elas sejam constantes. Então não se iluda. Revise suas crenças. Procure detectar as armadilhas do orgulho para não mais cair nelas. E aproveite para rir um pouco com o vídeo a seguir!