Há um trecho dos Atos dos Apóstolos (5:14-16) que fala da nossa energia sutil e do modo como ela pode funcionar. Ele fala da sombra de Pedro, o apóstolo: “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais. De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais eram todos curados.

Quando eu falo aqui de energia, assim como o Espiritismo nascente falava em “fluidos”, não estou sendo precisa, mas seguindo uma linguagem aceita pela ciência da nossa época. Energia é definida em física como capacidade de realizar trabalho. Tudo o que se move, tudo o que se aquece, tudo que vive utiliza energia. Ela serve para mover uma bicicleta, acender uma lâmpada e para caminhar, para pensar, para curar ou adoecer… Isso me lembra a música do Beto Guedes: “Tudo que move é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor…”

O interessante sobre juntar esse conceito de física com a visão espírita é que o Espiritismo reconhece nossa capacidade de qualificar e direcionar essa energia (ou fluidos) num nível sutil, mas efetivo, de modo que vivemos entre as energias que liberamos no ambiente e que compartilhando com outras pessoas, mas também com as energias compartilhadas no ambiente pelas demais pessoas que ali vibram.

Isso significa que, ao desejarmos, amarmos, odiarmos, ao desprezarmos, ou julgarmos, ao nos dedicarmos a uma causa ou tarefa, aquilo que sentimos se comunica em forma de energia que pode afetar o objeto a que se dirige,  o ambiente e as outras pessoas, mas que certamente nos afeta inevitavelmente.

Talvez você ame pintar, por exemplo, ou escrever, e faça isso com toda a sua alma. Mergulha no processo do desenho ou escrita com muito carinho e atenção. Isso significa que a sua alma se sente bem e se encontra a si mesma, ao fazer isso. Mas pode ser que você não se sinta do mesmo modo quando precisa, sei lá… ir ao supermercado. Isso pesa nas suas pernas, na expressão do seu rosto, no seu ânimo. Ir ao supermercado lhe parece cansativo, demorado e pouco interessante. Sua alma não quer estar ali ou não percebe propósito em estar ali.

Pode haver situações assim envolvendo pessoas (“detesto encontrar Fulana”), lugares (“ir lá me dá dor de cabeça”) e situações (“não tolero esses jantares em família”). Isso nos leva a perceber uma ideia muito bacana, muito útil para sua vida e felicidade, que tem a ver com “intensidade de alma”. Isso mesmo: Quanto da sua alma você põe naquilo que faz, o que é o mesmo que dizer “que energia você está nutrindo quando faz isto?”. É um item importantíssimo de autoconhecimento, perceber quanto você está presente em cada momento da sua vida. E o que causa isso.

Semana passada, eu tive que desembaraçar vários fios num nó imenso, levei horas para fazer. Pensei (só de raspão) em cortar e emendar, mas depois resisti. Não era agradável, era difícil, mas eu me sentia bem ao me lembrar que a minha mãe, que era uma bordadeira de mão cheia, me ensinou como desatar nós bem complicados desde muito pequena. Fazer aquilo era um modo de me sentir conectada com ela.

Então, eu gostaria apenas de convidar você a esse exercício simples de auto-observação. Quando é que a sua alma está inteira fazendo algo? E quando é que parece que ela quer evitar ou fugir estar ali?

Vamos continuar falando disso num outro post.

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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