Quem não quer satisfazer os desejos das crianças? Quem não quer vê-las sorrir com um presente ou brinquedo novo? Há tempos que o marketing sabe atingir os adultos através dos filhos. É uma armadilha difícil de evitar.

Desde muito cedo, isso leva os pais a cometerem um erro: usar seu poder aquisitivo para comprar o objeto e oferecer à criança, pensando que ela o aponta porque o quer para si. É um engano.

Os bebês, entre um ano e meio e dois anos, aprendem a associar objetos a informações e, além disso, amam se comunicar. Então, de fato, até certa idade, o bebê nem sabe que pode ter aquilo que vê na loja. Simplesmente, se um produto ou personagem na TV chamou sua atenção, ele o reconhece numa vitrine ou prateleira de supermercado e o mostra, buscando a atenção do adulto. É uma tentativa de interação.

Nós adultos, porém, já capturados na ciranda consumista, estamos programados para “ver” e “querer comprar”. Fruto uma construção cultural, absorvida da educação e do meio. E quando vemos a criança admirando uma coisa, sabendo que ela provavelmente vai ficar contente por tê-la em mãos, nós lhe oferecemos. Isso nos deixa momentaneamente satisfeitos e, também, a elas.

O que em geral não nos lembramos, contudo,  é que esse momento passa. Logo haverá outras e outras coisas, outros estímulos – uma linda flor, uma canção conhecida, uma luz piscante, encontrar um amiguinho. Mas se nós as habituamos a conseguirem de nós aquilo que querem desse modo, então, já maiores, com cinco ou seis anos, elas realmente se tornarão consumistas, convencidas de que comprar e possuir coisas é uma parte importantíssima da vida.

Assim, o adulto já programado pelo sistema é pego na armadilha e está fazendo sua parte para programar a próxima geração pois, além de perpetuar o hábito que garante lucro às empresas, ainda aprende a dar coisas e mais coisas, quando o que o filho buscava, inicialmente, era a sua atenção!

Pais e mães correm o risco de passar a infância e a adolescência dos filhos  trocando sua presença e seu carinho por objetos e dinheiro, que viram um modo de compensação por se sentirem culpados e ausentes. Ou por acharem que seus filhos têm de ter o que os filhos dos outros têm. Ou…

As necessidades básicas da criança, enquanto isso, nem sempre estão satisfeitas. Antes de qualquer objeto material, criança precisa de Deus, de amor e respeito, de autoestima, de atenção de qualidade, de valores, de bons objetivos, de conhecimento…

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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