Uma criança pequena chega a uma sala e busca um lugar para se sentar, mas não há uma cadeira para ela. Ela faz o que sabe: fica brava, cruza os bracinhos e reclama:

– Não tem cadeira pra mim!

A criança pequena só enxerga o que a afeta e como a afeta, então, essa é uma reação previsível. Quando ela cresce um pouco, isso, costuma mudar. Ela olha em volta e pensa:

– Preciso de uma cadeira.

E então ela vai em busca do que precisa. Pode ser que ela peça a um adulto. Pode ser que ela vá longe até achar o que quer e se esforce para trazer.

Pode ser que ela ache correto pegar a cadeira de outro, sem pedir. Uma criança é um aprendiz de tudo e irá absorver o que os pais confirmarem como adequado. Se os pais roubarem cadeiras, ela assumirá como permitido. Se mandarem que ela derrube alguém da cadeira e a tome à força, ela o fará sem culpa nem remorso.

Infelizmente, uma criança pode continuar nesse estágio por toda existência. Especialmente se ninguém por perto ajudá-la a crescer interiormente.

Ou pode amadurecer um pouco mais. E então ela observará:

– Não estou sozinho. Não posso simplesmente tomar o que quero.

Obtendo sua cadeira, se houver adultos à sua volta que ofereçam referências de ética e de atitudes, ela pode pensar: “Posso compartilhar minha cadeira. Afinal, não estou sentada o tempo todo…”

E talvez chegue um momento em que perceba:

– Posso trabalhar para que todos tenhamos cadeiras!

Isso, até descobrir que:

– Todos têm capacidade para conquistar uma cadeira onde se sentar. E se ainda tem pessoas precisando de uma cadeira, vou ajudá-las, vou ensinar-lhes como construírem ou adquirirem a sua própria cadeira.

E um dia nós juntaremos nossas cadeiras em torno de uma grande árvore secular perfeitamente preservada, ou de um imenso oceano de águas límpidas e cheias de vida. E faremos propostas de como queremos e podemos viver em harmonia, com saúde, comida, educação e dignidade para todos os seres que compartilham nosso planeta.

***

Mas isso somente ocorrerá se nossas crianças não forem envenenadas com o egocentrismo, o narcisismo e a ambição. Se elas aprenderem desde muito pequenas a enxergar além de si mesmas e dos seus desejos, se seu olhar se encontrar com as pessoas em volta e o mundo.

Você deve ter lido esses dias sobre a gritante e descontrolada desigualdade presente no planeta, em que o patrimônio dos 26 mais ricos equivale ao dos 50% mais pobres do mundo. Mudar isso está ao alcance da inteligência humana, encontrar a solução para a fome, a pobreza, a doença e até para a violência é algo que podemos mudar, começando dentro de cada um de nós.

Educar para o Sucesso é um programa criado para possibilitar o desenvolvimento humano através de competências que contemplam a criança e o adolescente com focos em si mesmos, no outro e na grande comunidade humana. Visa capacitar pais e educadores para avaliar as maiores dificuldades dos alunos mas, também, perceberem e desenvolverem seus potenciais.


Pensei nessa história dirigindo meu carro um dia desses. Depois percebi que ela era uma ilustração bastante boa para a proposta educacional de Daniel Goleman e Peter Senge em O Foco Triplo. Fica a sugestão de leitura.

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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