Você põe no Google “filmes sobre relações pais e filhos” e os primeiros resultados têm muito em comum. Eles citam, por exemplo, Procurando Nemo (2003) e À Procura da Felicidade (2006). Que, embora sejam boas indicações, são também escolhas bastante óbvias, porque são filmes de paternidade explícita onde você tem pais biológicos procurando cumprir sua função paterna da melhor forma que conseguem.
Pessoalmente, gosto muito de Kramer vs. Kramer (1979), tão real e vívido até hoje, e que também trata do mesmo tema.
Mas também tenho minhas sugestões. Elas saem do estereótipo do pai ideal ou desejável e é isso que as torna ricas, profundas e reveladoras.
Estão Todos Bem (2009)
Para mim, Estão Todos Bem é espetacular. É o da foto do post.
Nele, Robert De Niro, aposentado e viúvo, contrariando recomendações médicas, decide viajar para visitar seus filhos já adultos que cancelaram sua vinda à casa dele. Em cada uma dessas visitas, há uma verdade escondida, uma dificuldade a ser superada, um laço a ser reconstruído.
Capitão Fantástico (2016)
Também amo Capitão Fantástico, onde um pai está fazendo o que sabe de melhor, buscando transmitir os seus conhecimentos, crenças e valores aos filhos, enquanto encara a dor e o remorso pelo falecimento da esposa, até entrar em conflito com os avô materno, que têm outros planos para a educação e o futuro dos netos.

Gran Torino (2008)
Gran Torino é um filme violento, mas mostra que, mesmo que você procure não pensar a respeito, a relação pai/filho sempre está presente em sua vida e seu cotidiano. Mesmo quando não se veem há anos, mesmo quando mal conversam, mesmo quando brigaram ou foram embora, um da vida do outro.
Nele, o personagem de Clint Eastwood, solitário e doente, em uma relação conturbada com a própria família, “adota” e decide ajudar o filho adolescente da vizinha, que tem problemas com uma gangue. E ele realmente transforma a vida do garoto e da família, exercendo o papel de pai mesmo quando lhe cabe tomar uma decisão extrema.

Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (2003)
Em Peixe Grande…, um homem com uma vida intensa e cheia de acontecimentos interessantes e histórias incríveis para contar, é admirado por todos, menos pelo filho Will, que mora em Paris e não fala com o pai.
Quando o pai adoece gravemente e o filho está prestes a se tornar pai – um momento altamente significativo -, a mãe decide reaproximá-los.

Rei Arthur, a Lenda da Espada (2016)
Rei Arthur é sobre uma criança que fica órfã e cresce distante de seu lugar e sua família.
Seu pai, defendendo o reino, decide garantir a sobrevivência da criança, entrega-se para a morte mas protege a espada que representa seu poder. O garoto amadurece enquanto descobre sua história e isso transforma não somente a sua vida, mas a de todo um povo.
Sobrevivendo nas ruas com inteligência e esperteza, quando adulto, ele precisa fazer uma árdua jornada em que reencontra o legado de seu pai e seu propósito de vida.

Pais são gente de carne e osso, emoção e conflito, consciência e sofrimento. Pai esquece aniversário. Pai perde emprego e fica desorientado. Pai vai embora.
A maioria de nós não teve um pai que consideraria perfeito. Comumente vemos, nele, algo que admiramos, que nos serviu de apoio, incentivo e exemplo. Mas também convivemos com atitudes e ideias que não compreendemos, que detestamos, mas que são parte da sua personalidade. E não dá para simplesmente fazer de conta que esses aspectos não existem.
Você não está errado por enxergar isso. Pelo contrário, errado é tentar ignorar, porque você nunca vai arrancar de dentro de você a sua ligação com o ser humano que lhe deu a vida.
Tanto tempo você esteve como que excluído do meu coração.
Tão vazio ele estava sem você.
Também agora você permanece amigavelmente a uma certa distância de mim, sem esperar de mim algo que tire algo de sua grandeza e dignidade.
Você permanece o grande como meu pai, e tomo você e tudo que recebi de você, como seu filho querido. (Bert Hellinger, em As Igrejas e o Seu Deus)