Há tempos, essas palavras do psicanalista, filósofo e sociólogo Erich Fromm vêm me acompanhando. Elas falam de duas ações que realizam mudanças na própria vida, gerando consequências em nós e em torno de nós.  Uma é Escolher. Outra é Transcender.

A Escolha é a realização concreta de nossa liberdade de pensar e de agir. Ela nos desenha um caminho de leveza ou de sofrimento, mas, além disso, se observada com a devida atenção, revela-nos quem somos. Quais propósitos elegemos. Quais ideias e sentimentos valorizamos.

Há escolhas que resultam em tristeza ou dor e que são nossas mestras. Encaradas com humildade e lucidez, elas apontam o que é preciso mudar em nós. Escolhas que trazem harmonia e alegria, consideradas não apenas do ponto de vista do sucesso imediato e do orgulho, mas enxergando seu significado mais profundo, por sua vez, conduzem a um viver mais satisfatório, sereno e feliz.

A Transcendência é a nossa oportunidade diária de ir além de nós mesmos, não apenas espiritualmente, evoluindo; não apenas criando conexão com o Deus de nossa fé ou com os demais seres. Ela também abre a percepção e possibilita o acolhimento de novas visões, sentimentos e atitudes na vida, que criam mudanças reais.

Então Fromm prossegue, afirmando que fazemos escolhas que transcendem, cada vez que criamos ou destruímos, cada vez que amamos ou que odiamos. “Mas, por quê?”, você talvez se pergunte.

Porque o campo dos sentimentos e das ações é aquele em que saímos de dentro de nosso mundinho fechado e limitado, para encontrar o mundo do próximo.

A mente é o campo da elaboração e do projeto, das divagações e fantasias. Nossos pensamentos podem viver bastante bem, fechadinhos na mente, mesmo que sejam bons e até bonitos. Embora sua constância e persistência tenham resultados concretos, efetivos, eles em geral afetam mais especificamente a nós mesmos e só afetam o outro que se deixe influenciar por eles, se tiver simpatia ou afinidade. Torná-los realidade exterior a nós, já configura uma escolha.

Mas, “o espírito está constantemente lutando para libertar-se de sua prisão na rotina ou em estruturas mentais convencionais”, como destaca John Weir Perry, em Caminhos Além do Ego (Roger Walsh – Org., São Paulo: Cultrix, 1997). E o trabalho espiritual que liberta traduz-se em movimentar essa energia dinâmica, que não mais consegue manter-se abafada em velhas formas e necessita transcender-se.

Em meio à confusão de uma enorme inconsciência e egocentrismo, algumas vezes, a Inteligência Espiritual de cada Ser buscará formas de transcender velhos e ultrapassados padrões, porque ela traz em si o impulso de evoluir. E isso pode promover um difícil despertar, embora necessário. Pois mesmo os caminhos dolorosos – e, algumas vezes, somente eles! – têm força para tirar a criatura de sua inércia existencial.

Mas as escolhas permanecem. Podemos amar ou odiar, criar ou destruir, a todo momento. Nenhuma delas jamais será neutra. Cada uma sempre fará mudanças profundas, dentro de nós e fora de nós.

Escolher pensamentos transforma nosso humor e nosso dia. Sentir e agir, contudo, transformam nossa realidade concreta, transformam nossos relacionamentos, mudam nosso modo de estar no mundo.

Quando escolhemos amar e criar, amar e destruir, odiar e criar, odiar e destruir, colocamos energia real e específica em movimento. Energia, cujos círculos que deflagramos e nos encontram em seus novos ciclos.

Persistir numa boa escolha irá consolidá-la e fortalecê-la, dentro de nós e ao nosso redor. Criará condições de afinidade e de atração de novas oportunidades que estejam relacionadas e possam ser desenvolvidas.

Por isso é importante que você saiba que rumo quer dar à sua vida, que acredite e que persista, sempre muito atento ao que sente, ao que constrói e ao que destrói, pelo caminho.

Muito atento.

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: