Perfeição é só um conceito. “Uma ideia que existe na cabeça”, eventualmente com alguma pretensão de acontecer.

Dizer que é um conceito equivale a dizer que, por mais que nos esforcemos para conceber a perfeição, não rompemos o limite do nosso pensamento, nem da nossa imaginação.

A gente até fala em “filho perfeito”, “par perfeito”, “lugar perfeito”, “coisa perfeita”, mas isso é uma invenção da mente, tão relativa quando qualquer outra ideia que conseguimos pensar.

E tanto isso é verdade que, se cada um de nós fosse agora convidado a pensar num lugar perfeito e se nós pudéssemos visualizar esses pensamentos, como aqueles balões de história em quadrinhos, teríamos muitas ideias de perfeição – daquilo que é perfeito para cada um – mas nem arranharíamos o sentido real da perfeição que se costuma idealizar.

Um vestido perfeito para uma formatura é diferente de um vestido perfeito para um dia no campo. “Coisas”, “lugares” etc. podem ser perfeitos em relação a uma certa finalidade. Eu posso dizer “a praia é o lugar perfeito para as férias”. Mas então se trata de minha ideia de férias, que pode ser só minha, até porque se pedirmos para as pessoas pensarem na praia perfeita, certamente haverá também uma grande variedade de “perfeições”.

E se há muitas perfeições, de duas, uma: ou nenhuma é perfeita, ou todas são. A segunda opção me parece mais viável, pois é possível dentro da relatividade do que pensamos. Cada uma dessas ideias é perfeita dentro de uma necessidade, dentro de um planejamento, dentro de um contexto…

Cada perfeição é perfeita na plenitude daquilo que é.
Significa que algo é perfeito quando se integra perfeitamente a um anseio superior de “coisa”, de “lugar”, de “pessoa”, e quando nos parece a melhor versão possível daquilo que se contempla. Isso também significa que não adianta encanar com ideias de perfeição que nos tornam amargos, insatisfeitos, autocríticos em excesso, julgadores, “donos da verdade”…

Se eu sentir que sou a melhor versão possível de mim mesma, se não pirar em ideais tolos e inatingíveis, eu posso, enfim, tocar nas fibras da minha própria perfeição. Aquela que Deus me ofertou e me permitiu desenvolver, com amor, paciência e humildade.

(Republicado de Anotações Informais.)

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: