Quem me conhece no Facebook, sabe que todo dia eu publico uma saudação aos amigos e amigas que começa com a palavra “namastê”.
Namastê é uma palavra que tem origem no sânscrito, uma língua muito antiga originária do Norte da Índia. ‘Namastê’ literalmente significa “curvo-me perante ti” e é considerada a forma mais digna de um ser humano cumprimentar o outro.
Hoje em dia, para nós e num sentido mais amplo, ‘namastê’ significa “o Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você”. O gesto de unir as duas mãos espalmadas diante do peito, ao pronunciá-la, expressa um grande sentimento de respeito, invoca a percepção de que todos os indivíduos compartilham da mesma essência, da mesma energia, do mesmo Universo.
Veja só, eu tenho uma profunda admiração pelas filosofias e doutrinas orientais, como o budismo e o hinduísmo. Eu leio e estudo a respeito, já estive algumas vezes na fazenda Nova Gokula, onde a gente se sente num tipo de paraíso na Terra, assisti muitas aulas de meditação com a minha querida Kelsang Chime, pratiquei yoga durante muitos anos e nunca deixei realmente de praticar, mesmo distante das escolas. Mas não sou seguidora de nenhuma dessas doutrinas.
Namastê, no entanto, é uma palavra e está além de diferenças de crença, pois expressa um conceito universal e importante para mim: de que todos somos seres espirituais e que deveríamos viver em harmonia e paz. Por isso eu a adoto, o que representa também uma oportunidade de esclarecer as pessoas que ficam curiosas e me perguntam – “mas o que é esse tal de ‘namastê”, Rita?”
Namastê é um termo que evoca um conceito transcendental. Isto é, ele não pertence a um grupo ou cultura somente e também reflete uma noção relacionada à Inteligência Espiritual, independente de onde a palavra tenha vindo. Essa noção transcende as etnias, as fronteiras, porque reconhece os seres humanos como expressões de uma identidade espiritual única e digna de amor.
Nós, hoje, falamos um português que é originário de várias línguas antigas, do latim e do grego principalmente. Mas também agregou termos originários do árabe, do nagô (de origem africana), termos indígenas…
Quando fala “mandioca”, você está falando tupi. “Alfinete” tem origem árabe. Mas todas as palavras de nossa língua têm algo em comum. Elas nasceram de uma necessidade de expressão de ideia ou sentimento. Quando os portugueses não conheciam a mandioca, não precisavam de uma palavra para fazer referência a ela. E como a Índia e o Oriente têm noções de espiritualidade bastante avançadas há séculos, eles também têm palavras que nós aqui não temos para expressar conceitos relativos à espiritualidade, aos estados de consciência etc. Conceitos que vão se tornando mais próximos de nós e aos quais desejamos nos referir.
Mas a comunicação não é apenas referência, pois implica igualmente entendimento. E entendimento é uma atitude que está além das palavras. Você sempre pode entender aquilo que deseja entender, fazendo um pequeno ou um grande esforço, dependendo da profundidade e complexidade do conceito. Assim também é com as pessoas: você entende algumas pessoas, enquanto outras, não entende. Algumas dessas últimas, você quer entender. Outras, não faz questão. Entenda, porém, que as coisas e pessoas que você não quer entender são também as coisas e pessoas com que não deseja se relacionar.
E se não aceita ou não gosta de ouvir palavras como “namastê”, é somente porque não deseja adentrar a cultura e/ou a ideia que ele representa, o que é um direito seu, reconhecido e respeitado. Namastê!