“Eu sou rebelde porque o mundo quis assim.” Esse trecho de uma velha canção diz muito sobre a ideia de mundo que se expande na cultura, que se infiltra nos filmes, séries e novelas.

De que tudo o que eu possa fazer de pior se justifica pelo modo como fui tratado, pelas dificuldades que passei e pelo meu justo sofrimento psicológico.

De que você pode fazer tudo o que não devia, que é moralmente e socialmente reprovável, se tem uma boa razão para isso.

Então, nesse ponto de vista, eu me torno o que sou e a culpa é da sociedade. Não tenho liberdade, nem escolha. Não raciocino, nem reflito.  Estou fadado ao crime, à mentira e à trapaça. E a palavra de ordem é sobreviver, já que a sociedade é cruel.

Claro que, relendo o parágrafo acima, enxergamos um retrato frio do reino animal. Motivações que remetem ao instinto mais básico, presente nos vírus e bactérias. Afinal, do seu ponto de vista, humanos, tal como vírus e bactérias, só estão tentando se manter vivos numa realidade frequentemente adversa.

Mas… é isso que somos? Bichos que se enfrentam e que vença o mais forte?

Nem mesmo os animais são sempre assim. Os répteis em geral, são. Já os mamíferos são ferozes ao se defenderem, mas também são afetivos, companheiros e, algumas vezes, heroicos, cuidando de si mesmos e das crias, auxiliando humanos.

A diferença é que se, como humanos, escolhemos agir com os instintos mais inferiores, fazemos isso com consciência, porque temos raciocínio, afetividade e livre-arbítrio. Entendemos o que é verdade e o que é mentira, o que é bem e o que é mal.

Quem mata está só se defendendo de uma situação opressiva? Quem rouba, tão somente retomando seu direito à força? Quem pensa assim esqueceu o que é civilização e vive no contexto da barbárie. O caminho não é por aí.

Para ajudar a mudar isso, pare de responsabilizar os outros e assuma a sua parcela. Da responsabilidade e da possibilidade de mudança.

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Imagem: Alexas Photos (Pexels)

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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