Depois que eu postei aqui Tudo em que eu creio é verdade? (no popular “Dia da Mentira”), pensei que valeria o esforço de escrever um novo texto destacando aspectos muitas vezes ignorados das visões filosóficas.

Porque a filosofia é uma disciplina que nos faz observar ângulos comumente ignorados da realidade. O conhecimento dos filósofos do passado pode iluminar situações do presente.

À época de Sócrates, ele foi condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude. Corromper, aqui, significava fazer pensar. Ora, Sócrates não tinha uma doutrina, um partido, um tipo de motivação messiânica ou proselitista de angariar adeptos. Ele simplesmente desafiava seus interlocutores com perguntas.

Essas perguntas não tinham somente uma resposta certa. Eram perguntas em aberto, que buscavam um conhecimento ou intuição do interlocutor, que ele pudesse expressar e que, dessa forma, suscitasse uma sequência de raciocínios e reflexões.

Ao tempo de Sócrates, contudo, existia uma outra escola de filosofia, a dos sofistas. Os sofistas pouco se preocupavam com a ética, ou a verdade. Eles eram oradores remunerados que sabiam truques de raciocínio e retórica (sofismas) para escamotear a verdade, dependendo de quem os estivesse pagando, ou revelá-la se atendesse aos seus objetivos.

Philósophos e sof1sta (2023). Desenho de Rita Foelker.

É importante tratarmos disso, hoje? Sem dúvida. Porque mesmo depois de muitos séculos de filosofia, pedagogia, manuais de ética e do próprio Cristianismo, isso ainda acontece. Ainda temos muitas pessoas que gostam de parecer inteligentes – e algumas são, realmente – que aceitam receber dinheiro ou favores para defender as mais escrachadas mentiras, apoiar atrocidades, dizer que o moralmente certo é errado…

A vacina contra o sofisma é o conhecimento dos fatos e a lógica – as leis do pensamento que nos ajudam a identificar o verdadeiro, descartar o falso e deixar o duvidoso na prateleira, aguardando confirmação ou descarte.

A dose de reforço é um mergulho no conhecimento da filosofia e história. Eu digo que o caminho de libertação das ideias pasteurizadas passa por aí.

Publicado por ritafoelker

Filósofa, palestrante e jornalista. Escritora reconhecida nos temas: espiritualidade, inteligência emocional e educação, publica livros desde 1992. Faz palestras no Brasil e no exterior. Formação em Pedagogia Sistêmica com a Educação, pelo Instituto Hellen Vieira da Fonseca.

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